A reunião de quinta-feira, 6 de julho de 2023 teve por tema “Vinhos de Assemblage” em degustação às cegas. Cada confrade trouxe o seu vinho, já com o rótulo oculto. No início da reunião foi distribuído o seguinte texto:

Vinhos de corte, assemblage, blends: vinhos elaborados a partir de mais de uma variedade de uva, em oposição a vinhos varietais, que podem: ou ser elaborados com base em uma única variedade (100% varietal); ou que possuem de 75% (caso do Brasil) a 90% de uma variedade dominante, segundo a legislação de cada país.

A motivação de elaborar um vinho de assemblage é a percepção de que “o todo é maior do que a soma das partes”: um vinho de corte se ajusta ao conceito de sistemas complexos. Uma casta potencializa as outras, aportando suas qualidades características. Busca-se o equilíbrio entre taninos, álcool, e acidez, além do frutado, doçura e concentração.

Vinhos de certas regiões são essencialmente de corte, como é o caso de Bordeaux (as clássicas castas bordalesas: nas tintas, Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e outras), e Rhône (dependendo da denominação, até 13 castas). Há outros blends famosos como, na Itália, os “Supertoscanos”, à base de Sangiovese e castas francesas, no Douro, à base das Tourigas, e na California, onde há uma “marca comercial” de blend, o Meritage (ou “old vines”). As possibilidades são infinitas! Os vinhos “top” de muitas vinícolas são assemblages.

Comparando: cortes bordaleses são mais leves do que os do Rhône, ambos tendem a ser menos ácidos do que os supertoscanos. Os do Douro tendem a ser mais encorpados. Os da Califórnia, mais adocicados.

Esta noite, teremos vinhos trazidos pelos confrades. Em degustação às cegas, pergunta-se:

– percepção de que tipo de corte pode ser?

– qual o mais equilibrado, e qual o melhor vinho?

Os vinhos degustados foram os seguintes:

  1. Encosta das Perdizes Reserva 2020 (Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Syrah – Alentejo DOC, Portugal), 14°. Vinho muito bom, equilibrado.
  2. Hardy’s, Stamp of Astralia Cabernet Merlot 2021 (Austrália), 13,5°. Muito bom, aveludado.
  3. Sin Escalas Gran Reserva Blend 2018 (46% Malbec, 22% Bonarda, 20% Cabernet Franc, 12% Petit Verdot – Mendoza, Argentina), 14°. Vinho encorpado, agradou muito.
  4. Castel Mimi, Isterie 2018 (Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Pinot Noir, Saperavi, Feteasca Neagra, Rara Neagra – Moldávia), 14,5°. Uma surpresa para todos, vinho muito bom, talvez o melhor da noite. Elegante.
  5. Doña Paula, Altitude Series 2020 (Cabernet Franc, Merlot, Casavecchia – Gualtallary, Valle de Uco, Mendoza, Argentina), 14,5°. Excelente vinho, com a raríssima casta Casavecchia, que chegou ao Novo Mundo, após ressurgimento na Itália.
  6. Vinhos Ducati, Cortes de Mariana “B” 2009 (Barbera 50%, Brunello 50% – Mariana Pimentel, Brasil), 12,5°. Vinho facilmente identificado como o mais velho; com a idade, teve suavizada a natural acidez da Barbera e os taninos da Brunello, resultando um belo vinho.

Dada a extrema originalidade dos cortes, poucos acertos houve, ficando a maior parte das sugest~eos em direção a vinhos do Alentejo. Os quatro primeiros vinhos eram parecidos entre si.

Como espumante de recepção, tivemos um mais que ótimo Castellamare Brut Chardonnay tradicional, 12,5°, elaborado pela Cooperativa Vinícola São João, de Vila Jansen, Farroupilha, Serra Gaúcha.Um produto “top” da vinícola, muito macio.