Degustações às cegas tendem a ser lições de humildade, mas em certas ocasiões também geram desconcerto e perplexidade, permeados de novas percepções. Todas estas sensações assolaram os confrades que participaram da reunião coordenada pelo associado Leonardo Schreiner em 16 de novembro de 2017. Acompanhados de excelente churrasco preparado pelo próprio Leonardo e pelo Gilmar, foram servidos cinco vinhos em garrafas cobertas. As informações dadas foram de que eram vinhos da Serra Gaúcha, com preços entre 60 e 140 reais. Pedia-se que os confrades opinassem sobre quais seriam as castas, qual o vinho melhor, e o mais caro.
As opiniões foram variadas, sendo mencionadas as castas Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Syrah, e mesmo Pinot Noir. Alguns confrades comentaram que os vinhos eram parecidos, e que deveriam ter o mesmo enólogo.
Descobertas as garrafas, os vinhos eram os seguintes:
1. Viapiana, Marselan 2013, 12,5°.
2. Viapiana, Marselan 2013, 12,5°.
3. Viapiana, Marselan 2013, 12,5°.
4. Viapiana, Marselan 2013, 12,5°.
5. Viapiana, Marselan 2013, 12,5°.

Ou seja, cinco vinhos exatamente iguais, no valor de R$ 60,00.
E mais: após a revelação, os confrades voltaram às taças, e continuaram tendo a percepção de que havia diferenças entre as taças. Algumas considerações foram feitas.
Uma delas era sobre a informação propositadamente falsa, sobre os preços. Efeito psicológico que sugestiona a percepção sensorial.
Sobre as diferenças entre as taças, mesmo após a revelação, muito se disse. O efeito foi considerado real, pois a maioria dos confrades insistiu na percepção. As taças eram iguais. O que pode ser? Existem as frases “não existe um bom vinho, existe uma boa garrafa”, e “cada garrafa é uma garrafa”, que expressam a idéia de que a evolução do vinho em uma dada garrafa é um processo único. Mas em geral esta diferenciação por evolução temporal se daria após muitos anos, 15 ou 20, e ainda para garrafas mantidas em ambientes diferentes, ou seja, não se notaria para cinco vinhos 2013 comprados de uma única vez em outubro de 2017 na vinícola e degustados logo após. Mas quem sabe?

Uma bela degustação engendrada pelo confrade Leonardo, e que suscitou muitas inquietações. Afinal, sabemos algo ou não sabemos nada?