Original e rara degustação na SBAV em 8 de setembro de 2016, com vinhos trazidos dos EUA pelo confrade Jorge Ducati. Onze associados puderam apreciar vinhos que pouco saem de sua região de produção. Na ocasião, foi distribuído o texto que segue, no qual estão incluídas percepções da degustação:
O sistema americano de indicações geográficas está baseado nas American Viticultural Areas (AVA). Seus limites são definidos pelo governo, frente a demandas de produtores interessados em caracterizar seus vinhos e dar-lhes uma tipicidade. O processo é fundamentado em dados de clima e solo/geologia, configurando neste sentido um terroir específico. Em 2012 havia 206 AVAs, e novas vão sendo criadas; no Estado de Washington há 14 AVAs atualmente. AVAs podem ser muito extensas, como a Upper Mississipi River Valley, com 77000 km2 em quatro estados, e minúsculas como a Cole Ranch na Califórnia, com 25 hectares.
O Estado de Washington, na costa oeste dos Estados Unidos, é um dos principais produtores de vinhos dos EUA. A maior parte da produção vem de regiões a leste das Montanhas Cascade, onde o clima semi-árido é favorável às castas de clima quente (Syrah, Grenache, etc). No entanto, há uma pequena AVA no oeste, próxima ao litoral do Pacífico, com clima temperado, muito úmido no inverno e com verões relativamente secos: a Puget Sound AVA, com menos de 200 hectares de viníferas. Aqui, “Puget Sound” designa um grande estreito ou canal ligado ao Pacífico, semeado de ilhas e que banha Seattle, parte de um sistema que se estende até Vancouver. As variedades de viníferas são típicas de lugares frios e úmidos: Madeleine Angevine, Siegerrebe, Muller-Thurgau, Pinot Gris, Pinot Noir. A área da AVA compreende o litoral e as ilhas em torno de Seattle, configurando uma região vitivinícola única no mundo. Trazemos hoje quatro vinhos da vinícola Bainbridge, na ilha de mesmo nome, ligada a Seattle por balsas e ferry-boats. A ilha é um centro de lazer (é a Gramado deles), mas abriga a Bainbridge Vineyards, com vinhedos próprios e gestão cooperativa animada pela vinhateira Betsey Wittick. Com pouco mais de quatro hectares de vinhas e produção anual de 1200 caixas, seus vinhos são vendidos na vinícola.
Foram degustados os seguintes vinhos:
1. Bainbridge Vineyards, Madeleine Angevine 2013, Puget Sound, Washington, 12°. Produção 270 caixas. Variedade de uvas originária da Loire, França, muito rara, cult em Washington. Vinho branco muitíssimo apreciado pelos confrades. Aromas perfumados de limão e flores, na boca agradabilíssimo. Vinho espetacular. US$18.
2. Bainbridge Vineyards, Emerge Rosé 2015, Puget Sound, Washington, 11,5°. Produção 135 caixas. As castas de uvas não são informadas. Outro vinho excelente, perfumado. US$ 20.
3. Bainbridge Vineyards, Pinot Noir 2009, Puget Sound, Washington, 13°. Produção 125 caixas. Um Pinot original. Certamente lembra um Pinot pela leveza de cor, aroma e gosto. Mas tem algo mais. Muito bom. US$ 29.
4. Jones of Washington, Cabernet Sauvignon 2012, Wahluke Slope AVA, Washington, 14,1°. Vinho trazido para mostrar o contraste de estilos entre o Leste e o Oeste de Washington. Região muito seca, vinhas irrigadas. Vinho muito bom, mais leve que os CS de outras regiões secas das Américas. US$ 14.
5. Bainbridge Vineyards, Siegerrebe Late Harvest 2009, Puget Sound, Washington, 11°. Variedade originária da Alemanha, cultivada para elaboração de Trockenbeerenauslese. Outro vinho excelente, aromas cítricos e com dulçor equilibradíssimo. US$ 32.

Como espumante de boas vindas, tivemos um ótimo Valdemiz Rosé, da Serra Gaúcha.