A reunião da SBAV/RS de 25 de abril de 2025 foi organizada pela confrade Beatriz Weber, que esteve em estágio na Inglaterra, e trouxe interessantes vinhos locais. Na ocasião, foi distribuído o seguinte texto:
A ascensão meteórica de uma pequena, mas significativa, indústria vinícola na Grã-Bretanha tem
sido uma das surpresas mais improváveis, se bem que inspiradoras, do século XXI. Improvável
porque dezenas de fatores, desde a falta de uma tradição vitivinícola à ausência de enólogos e
viticultores qualificados, passando pelo historicamente terrível e chuvoso clima inglês,
amorteceram as perspectivas, literalmente. Inspirador porque estas limitações estão a
desaparecer e o vinho inglês está agora a ultrapassar as expectativas, tanto em termos de
qualidade como de quantidade de vinho produzido. A vindima quente de 2018 foi o ano divisor
de águas. Nesse ano, foram produzidas cerca de 13,2 milhões de garrafas de vinho inglês, 9
milhões das quais eram espumantes. (No ano anterior, tinham sido produzidas apenas 4 milhões
de garrafas de espumante). O vinho espumante inglês tornou-se o próximo passo entre os
vinhos sofisticados. O sector vitivinícola da Grã-Bretanha surgiu na cena internacional na década
de 2000 com vinhos espumantes de excelente qualidade que, por vezes, não se distinguiam dos
champanhes em provas cegas. Os melhores vinhos espumantes são produzidos na zona rural do
sul da Inglaterra, nos condados de Hampshire, West Sussex, East Sussex e Kent. O fator que
define os melhores terroirs da Grã-Bretanha é a presença dos mesmos solos calcários
encontrados em Champagne. São espumantes feitos pelo método tradicional, com segunda
fermentação em garrafa. A experiência começou em 1986, quando um casal de Chicago, Stuart
e Sandy Moss, empresários de equipamentos médicos reformados, viajavam pelo sul da
Inglaterra e compraram uma mansão em Sussex. Eles avaliaram que essa região tinha muitas
semelhanças com Champagne. Quando os americanos plantaram Chardonnay, Pinot Noir e
Pinot Meunier em Nyetimber, acabaram consagrando-se com a produção do primeiro vinho
espumante em 1992, com um blanc de blancs. A partir daí, vários pequenos produtores
passaram a investir, gerando o crescimento na produção desses espumantes. (Karen MacNeil.
The Wine Bible. Edição do Kindle.)
Degustaremos um espumante dessa região, para avaliarmos. E teremos cinco vinhos às cegas: um
blend, dois vinhos de uma mesma uva, um vinho de uma uva diferente (não tão conhecida), e um vinho
de uma uva mais conhecida. Os vinhos são de nacionalidades diferentes, incluindo um vinho
tranquilo britânico.
Quais os vinhos de uma única uva e qual o blend? Qual vinho parece ter a uva mais diferente?
Quais as nacionalidades dos vinhos? Qual é o britânico?
Os vinhos foram os seguintes:
- Furleigh Estate, Classic Cuvée 2017, 12°. Ótimo espumante elaborado em Netherbury, Inglaterra, com uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier da região de Dorset.
- Gustav, Riesling Trocken 2023. Ótimo Riesling da região de Rheinhessen, Alemanha, exclente relação quialidade/preço.
- 3. Michel Schneider, Riesling Trocken. Um produto mais básico, mas muito agradável.
- Folc, British rosé wine. Muito bom, chegou a ser confundido com um rosé da Provença clássico.
- Alicia en el Pais de las Uvas. Vinho rosé espanhol, muito bom.
- Corte Balda, Primitivo di Salento. Um bom vinho para rematar a noitada.
Quanto às perguntas feitas, uma degustação às cegas, como sempre, é uma lição de humildade. Louvores aos vinhos ingleses, estrelas nascentes, e à Beatriz, que honra a tradição sbaviana trazendo raridades de suas viagens para compartilhar.