Após as degustações de Pinot Noir de 27.9.2012 e 4.4.2013, o confrade Jorge Ducati organizou nova rodada de estudos desta casta, em 10 de abril de 2014, para quatorze confrades, mais uma vez totalmente às cegas. Na ocasião, o texto distribuído foi o seguinte:

“A casta Pinot Noir é uma variedade globalizada, mas diz-se que não é estável frente a variações de terroir. Ou seja, o vinho tinto da Borgonha é único, talvez incomparável e melhor, e Pinots de outros lugares são diferentes.“ No terroir original a casta encontra climas mais frios e solos calcáreos. Desta vez, temos sete vinhos, de seis países, cujas informações são as seguintes:
1. Na Borgonha, que é a referência, tendem a ser vinhos de corpo e cor mais leves, com discreto aroma de cerejas ou groselhas; mas alguns produtores modernos conseguem mais extração e os vinhos têm densa cor. Em geral, a alteração de cor com a idade (o atijolamento) ocorre mais lentamente.
2. Pinots da Patagônia ou chilenos: alguns são encorpados e muito tintos, e às cegas não são reconhecidos como Pinots por conhecedores franceses.
3. Pinots da Nova Zelândia são parecidos com os franceses; os apreciadores se queixam dos preços altos. Envelhecem mais rápido.
4. Os Pinots do Uruguai seguem a linha francesa, mas em geral têm pouco aroma, e envelhecem rapidamente.
5. No Brasil, em geral são de cor carregada e perdem a característica “Pinot Noir”. Mas há exceções entre os produtores mais artesanais; e na Serra Catarinense o clima é semelhante ao da Borgonha (mas não o solo).
6. Há produção na Itália (Piemonte e Toscana). Os verões tórridos alteram as uvas e os vinhos tendem a ser parecidos com Sangioveses leves, de cor pálida.
Perguntas:
a) há algum vinho totalmente diferente dos outros?
b) quais os destaques positivos e negativos?

Os degustadores deram notas de 1 a 5. Os vinhos degustados e suas notas foram as seguintes:

1. Martinborough Vineyard 2003 (Nova Zelândia), 13,5°, R$ 195,00; média 3,68.
2. Atelier Tormentas, Fulvia 2011 (Encruzilhada do Sul, Brasil), 12°, R$ 120,00; média 4,07.
3. Beaune Premier Cru Les Bressandes 2009 (França), 13°, R$ 76,00; média 3,57.
4. Viña Casablanca, Cefiro 2011 (Chile), 14°, R$ 52,00; média 3,97.
5. Fattoria San Pancrazio, Pancrazio 2010 (Toscana), 13,5°, R$ 130,00; média 3,50.
6. Gimenez Mendez Alta Reserva 2008 (Las Brujas, Canelones), 12,5°, R$ 30,00; média 3,25.
7. Pericó, Basaltino 2011 (São Joaquim, Brasil), 13°, R$ 75,00; média 3,55.
Todos os vinhos estavam muito bons; o produto da Nova Zelândia era o vinho diferente, de cor mais carregada e mostrando a idade, embora estivesse ótimo. O Basaltino da Pericó estava excelente, e uma boa surpresa foi o Cefiro. Para dez dos degustadores, o Fulvia foi o melhor vinho, às vezes empatado em pontos com outro produto. Descritores realmente típicos de um Pinot Noir ao estilo da Borgonha. Realmente, o produtor deste vinho artesanal, Marco Danielle, está de parabéns. Já havíamos sabido de relatos muito favoráveis, mas agora não temos mais dúvidas!