Reunião de 5a. feira, 18 05 2006
A cepa Touriga Nacional tem nos últimos quinze anos, evoluído de forma muito positiva em Portugal. Seus produtores têm incorporado à elaboração de seu vinho, técnicas atualizadas de vinificação, assim como o seu aumento no saber sobre o comportamento desta videira. Desta forma, a Touriga tornou-se mais conhecida e apreciada, pois seu papel não é mais restrito principalmente ao Porto, encanta por si própria em forma de varietal (ou no falar lusitano, vinho vinificado em estreme). É um orgulho para Portugal, país que tem características conservadoras quanto ao manejo e manutenção de suas cepas.
Esta variedade vinífera chamou a atenção de produtores gaúchos e é cultivada na Campanha e na Serra do Sudeste. Houve por parte do grupo de quintas-feiras a curiosidade de conhecer e poder opinar sobre os vinhos varietais desta cepa produzidos aqui no RS e em Portugal, após degustação às cegas.
Foram selecionados pelas confreiras Gisele Lorenzini e Myriam Kapczinski, cinco exemplares portugueses de diferentes regiões, cuidando que representassem anos de boas safras. Os escolhidos foram:
-Casa Ribeira, 2001, R$ 61,90, (Estremadura),
-Herdade do Esporão, 2001, R$ 84,90 (Alentejo),
-Almeida Garret, 2003, R$ 58,00 (Beiras),
-Quinta Seara D’Ordens, 1999, R$ 117,00 (Douro)
-Quinta do Encontro, 2000, R$ 143,55 (Beiras).
O Brasil foi representado pelo:
-Angheben Reserva Touriga Nacional 2004, R$ 39,90 proveniente de Encruzilhada do Sul.
Por cortesia do enólogo Thiago (Vinhos Miolo), o grupo pode apreciar com antecipação, um corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, o Quinta do Seival-Castas Portuguesas, 2004, que está prestes a ser lançado no mercado gaúcho.
O grupo considera a Touriga como uma cepa de personalidade, de linda cor vermelho-violeta intenso, herbácea, e um tanto ácida. Porém, vinhos monovarietais podem ser considerados mais difíceis em termos de elaboração que os cortes, onde eventuais problemas de estrutura podem ser contornados com a mistura de outras cepas.
Foi destacado como o melhor vinho da noite o Herdade do Esporão, 2001, 14%, encorpado, equilibrado, redondo, lembrando couro, tabaco, tostado, herbáceo e fruta madura. Boa persistência em boca.
Um fato chamou a atenção do grupo: não houve entre os exemplares degustados, diferenças extremas, porém esperava-se mais do Quinta Seara D’Ordens, 1999, 12,5%. Nosso exemplar deste vinho mostrou pouco nariz, e seus aromas se perderam rapidamente na taça. Pouca persistência no palato. O Angheben, 2004, 12,5%, mostrou que tem a personalidade Touriga e que o seu terroir gaúcho realmente parece ser promissor.
Embora não considerado em comparação com os outros vinhos por ser corte, o Quinta do Seival-Castas Portuguesas, 2004, 13%, foi muito apreciado por sua linda cor, um vinho jovem, de espectro aromático delicioso, madeira, fruta, adocicado, tornando-se de certa forma a surpresa da noite.