Na reunião de 21 de junho de 2024 tivemos, para 12 associados, uma degustação de vinhos da casta Petit Verdot. Na ocasião foi distribuído o seguinte texto:

A casta Petit Verdot (PV) tem sido tradicionalmente uma coadjuvante na formação de vinhos de assemblage, um exemplo clássico estando nos vinhos de Bordeaux, onde sua participação para aporte de cor, acidez e taninos era da ordem de alguns por cento. É uma variedade de maturação tardia, o que em Bordeaux era um problema até recentemente; as estações mais quentes dos últimos anos têm encorajado os locais a aumentar a proporção de PV nos seus “blends”, mas varietais de PV são ainda raríssimos na França, sendo bem mais comuns no Novo Mundo. Ou seja: em climas mais quentes e de verão mais prolongado esta casta alcança melhores níveis de maturação. O próprio nome da casta, “pequeno verde”, refere-se a esta dificultade na maturação completa, o que pode levar a cachos com presença simultânea de grãos maduros e grãos verdes (similar à Zinfandel). Varietais jovens de PV podem não ser aptos à degustação, recomendando-se alguns anos de guarda (ou muitos!)

Esta noite teremos seis PV, sendo um de Bordeaux (uma raridade) e cinco da Argentina, Brasil, Chile e Uruguai. As perguntas:

– algum dos vinhos é notavelmente diferente dos outros?

– os vinhos mais jovens são mais tânicos, mais adstringentes?

– qual vinho se parece mais com o “padrão” francês?

– e, claro, “qual o melhor vinho”?

Os vinhos foram os seguintes:

  1. Denis Dubordieu, Hommage Petit Verdot 2019 (AOC Bordeaux), 13,5°.
  2. Viña von Siebenthal, Toknar 2005 (Valle de Aconcagua, Chile), 14,5°.
  3. Ruca Malen, Petit Verdot 2008 (Mendoza, Argentina), 14°.
  4. H. Stagnari, Petit Verdot La Puebla 2008 (Salto, Uruguai), 14°.
  5. Valmarino, Petit Verdot 2017 (Pinto Bandeira, RS), 13,3°.
  6. Uvva, Petit Verdot Microlote 2020 (Chapada Diamantina, Bahia), 12,8°.

Quanto à primeira pergunta, sim, o “padrão” francês era sim bem diferente: mais leve, elegante, no início mais fechado, muito equilibrado. Os outros vinhos: O Toknar estava espetacular; no estilo chileno de concentração, mas com 19 anos já muito macio, agradabilíssimo. Após uma hora começou a mostrar sinais de cansaço. Estes dois vinhos foram os melhores da noite (quarta pergunta). O Ruca Malen apresentou um pouco menos concentração, comparado ao Toknar, estava muito bom. Já o Valmarino estava mais próximo ao francês, foi muito elogiado. O Stagnari não agradou, pois era quase um vinho doce, para surpresa geral. O Uvva também mostrou-se um pouco doce, com menor expressão, não revelou potencial de guarda.

Quanto à segunda pergunta, não, a percepção de taninos foi bastante homogênea, o Ruca Malen foi o que mais revelou taninos, bem suaves.

Na terceira pergunta, o padrão francês foi único.

Como espumante de abertura, tivemos uma bela surpresa com o Cavalleri Teresa Nature, excelente.