O Pinot Possível, este o título da degustação organizada pelo confrade Leandro Rovani em 14 de setembro de 2023. Ou seja, na (temporária?) impossibilidade de termos nas nossas taças representantes ilustres da casta, como Romanée Conti ou La Tâche, por enquanto estudamos vinhos mais acessíveis, e nem por isto desprovidos de interêsse ou informação que contribui para nosso conhecimento. Na ocasião foi distribuído o seguinte texto:
Originária provavelmente da Borgonha, a Pinot Noir é uma uva de casca fina, pouca produtividade e muito “temperamental”, responsável por alguns grandes vinhos e outras tantas decepções.
O fascínio dos enófilos pela Pinot Noir deriva tanto dessa dificuldade de vinificação quanto do desejo de se alcançar os “Grandes Pinots”, muito caros e, às vezes, raros, dependendo de que safra, terroir e produtor se está falando.
Nesta noite não provaremos Romanée Conti nem outros Grand Crus da Côte D’Or, mas exploraremos o “Pinot Possível”: são seis rótulos, do Novo e do Velho Mundo, safrados de 2018 a 2022, com teor alcoólico entre 12% e 14%. Há desde vinhos que não passaram por madeira até vinhos com mais de doze meses de barrica.
Nosso parâmetro é um Bourgogne AOC das cercanias de Mâcon que, contrariando o inicialmente planejado, terá que ser descoberto em meio aos demais.
Pinot Noir, Pinot Nero, Spätburgunder, Blauburgunder; aromas de frutas vermelhas e especiarias, ou até mesmo terrosos, às vezes de cogumelos; na boca, quase sempre corpo médio, taninos elegantes, frescor, podendo variar consideravelmente com o clima – e o terroir.
Veremos que características encontraremos nos vinhos de hoje.
As questões que faço aos confrades, consórores e convidados é:
1) Quais vinhos são do Velho Mundo e quais são do Novo?
2) De que país são esses vinhos? Há algum brasileiro? De onde?
3) Quais passaram por madeira e quais não?
4) Qual é o melhor vinho da noite?
Chevaliers de la table ronde, allons voir si le vin est bon!
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Os vinhos foram os seguintes:
- Viñedos de Patagonia, RaraAvis PN 2020, 12,7. Considerado o melhor da noite, elegante.
- Domaine de Rochebin, Bourgogne PN 2019, 13. Este vinho deveria ser o padrão da casta para a noite, mas não foi reconhecido como PN. Bom vinho, mas com mais cor e corpo do que se esperava.
- Casa Silva, Romano Cesar Noir 2020, 14. Este foi o não-PN. Poucos assim o reconheceram. Bom vinho, encorpado.
- Ernst Loosen, Villa Wolf PN 2018, 13,5. Ótimo PN alemão.
- Loggia Dei Colli, PN Trevenezie IGT 2021, 12. Um pouco frisante, um dos menos apreciados.
- Guatambu, PN 2020. Recebeu críticas e elogios; PN de uma região menos adequada à casta. Encorpado.
Como sempre, uma degustação às cegas é uma lição de humildade; mas vale lembrar que a casta Pinot Noir é uma das mais sujeitas a variações, em função da diversidade e climas e terroirs.
Como espumante de entrada, tivemos um ótimo Garibaldi Rosé PN, produto de excelente relação custo-benefício.