Fala-se muito em castas emblemáticas dos vinhos de alguns países. Se são emblemáticas a ponto de tornar os vinhos típicos e reconhecíveis, é um item a debater. Para testar o conhecimento dos confrades, o associado Jorge Ducati propôs uma degustação às cegas, em 28 de fevereiro de 2013, para seis confrades, abrindo os trabalhos de 2013. O texto distribuído foi o seguinte:
Nos últimos anos, a partir de uma percepção de que certas castas de uvas se dão bem em certos países, generalizou-se a noção de que haveria, para alguns países, castas emblemáticas, ou seja, típicas ou que melhor descrevem os vinhos destes países. Esta percepção tem sido criticada, pois a maioria dos países têm muitas regiões, e muitos terroir, e não haveria porque uma casta se dar bem, e ser a melhor, em todo o território. Além disto, os melhores vinhos de um país não seriam, necessariamente, aqueles da casta paradigmática. Mas enfim! Atualmente, para quem assume a idéia, a situação tende a ser esta:
Argentina: Malbec
Brasil: Merlot
Chile: Carmenère
Africa do Sul: Pinotage
Uruguai: Tannat
Estados Unidos: Zinfandel
Portugal: Touriga Nacional
Espanha: Tempranillo
Austrália: Shiraz
…e segue…outros países correm o risco de entrar nesta listagem.
A pergunta é: será que há tanta tipicidade? será que, por exemplo, a casta Malbec tornou-se tão profundamente argentina, a ponto de um vinho argentino, Malbec, ser inconfundível? Bem, veremos!
Nesta noite, servimos quatro vinhos, de quatro países, das respectivas castas ícones. Pede-se aos confrades que, na lista acima, assinalem quais vinhos que reconhecem, identificando-os pela ordem de serviço.
Os vinhos foram os seguintes:
1. Gimenez Mendez, Tannat Premium 2009, 13,5° (Canelones, Uruguay), R$ 40,00
2. Wente, Zinfandel Beyer Ranch 2009, 15° (Livermore Valley, San Francisco Bay, USA), R$ 55,00
3. Viña Von Siebenthal, Carmenère 2009 Gran Reserva, 14° (Aconcagua, Chile), R$ 55,00
4. Avondale, Pinotage 2008, 13,5° (Paarl, África do Sul), R$ 55,00
PS No caso, Zinfandel 81%, Barbera 8%, Primitivo 6%, Petit Syrah 5%. Um Zinfandel varietal puro é raro, pois em geral, vinhos rotulados “Zinfandel” são elaborados com uns 80% de Zinfandel (frequentemente de vinhedos muito antigos) e cortados com “mixed blacks”, ou seja, um vinho elaborado a partir de um vinhedo com uma mistura de uvas (“field blend”: Zinfandel, Carignan, Petite Sirah, Alicante Bouschet e outras), colhidas e fermentadas juntas. É ainda prática comum na Califórnia, remanescente de velhos vinhedos (de um século), inclusive com uvas brancas, onde a diversidade de castas dava ao produtor alguma segurança frente a variações climáticas. Considera-se que a prática de “field blend” adiciona complexidade aos vinhos.
A degustação às cegas ocorreu em dois momentos: no primeiro, não foram informadas quais eram as quatro castas, sendo dada a relação das oito castas possíveis. Nesta fase, o índice de acertos foi muito baixo. Após, foram informadas quais eram as quatro castas, e foram colhidas novas opiniões. Naturalmente, o índice de acertos aumentou, com destaque ao confrade Vianna que acertou todos os vinhos.
Destaque-se também, que os vinhos estavam muito bons, em especial o Carmenère, o que não é uma surpresa, dada a excelência da Viña Von Siebenthal.