A reunião da SBAV/RS de 6 de junho de 2021 foi dedicada aos vinhos da África do Sul, foco merecido pois já fazia tempo que não tínhamos estes vinhos na nossa Confraria. Sob a organização do confrade Leandro Rovani, pudemos estudar o seguinte texto:
Na visão de Jancis Robinson, os vinhos sul-africanos combinam o melhor do Velho e do Novo Mundo. Ela destaca a diversidade climática e geológica da África do Sul como um fator determinante para a produção de vinhos distintos e expressivos. Jancis vê uma indústria em transformação, marcada por inovação, juventude e compromisso com a autenticidade.
A uva Pinotage, emblemática do país, é considerada um desafio, mas com grande potencial quando bem trabalhada. A Chenin Blanc, por outro lado, é amplamente elogiada por sua versatilidade e capacidade de produzir vinhos frescos, elegantes e longevos. Regiões como Stellenbosch, Franschhoek, Paarl e Swartland se destacam pela qualidade e estilo.
Observa-se, ainda, um movimento crescente por vinhos naturais, de intervenções mínimas e uso consciente do carvalho. Os vinhos tintos com base em Syrah e Cabernet Sauvignon também ganham destaque, por sua profundidade e equilíbrio, sendo reconhecido o bom custo-benefício dos vinhos sul-africanos no mercado internacional, comparando-se alguns tintos de Stellenbosch de castas bordalesas aos próprios grandes vinhos da margem esquerda de Bordeaux. Tais exemplares acabam por indicar a África do Sul como uma das regiões mais promissoras da viticultura global atual.
Hoje, além do espumante Churchill Exta Brut, um ícone de Pinto Bandeira produzido pela Valmarino, apresentaremos quatro rótulos que consideramos representativos da África do Sul:
- L’Avenir Chenin Blanc 2020
Proveniente de Stellenbosch, é um vinho branco vibrante, de cor amarela palha com reflexos esverdeados, notas de frutas cítricas e tropicais, líchia e leve toque floral. Sem estágio em carvalho, passou por battonage em tanques de aço inoxidável, para mais estrutura e untuosidade. ABV: 13,5%. - Kumala Pinotage 2021
Originado de vinhedos do Western Cape, sob clima ensolarado e solo diversificado. Vermelho rubi, aromas de frutas negras maduras, especiarias e leve defumado. Estagia brevemente em madeira para suavizar os taninos. ABV: 13%. - Boekenhoutskloof The Wolftrap Red Blend 2019
Vinhedos de Franschhoek. Colheita manual. De estilo leve, apresenta notas de frutos escuros e violeta. Taninos maduros e suficientes para equilibrar; permanência moderada. Syrah, Mourvèdre e Viognier. Passagem parcial por carvalho francês. ABV: 14,5%. - Kanonkop Kadette Cape Blend 2020
Solo de granito decomposto tipo Hutton e Cloveley. Rendimento de 6 ton/ha. Clima frio e úmido no inverno, quente e seco no verão em Stellenbosch. Pinotage, Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc. Envelhecido por até 16 meses em barricas de carvalho francês. ABV: 14%.
Informações adicionais sobre os vinhos degustados:
- Valmarino & Churchill, Espumante Extra Brut método tradicional 2022, 12° (Pinto Bandeira, Serra Gaúcha). Chardonnay 70%, Pinot Noir 30%. Excelente, um dos melhores espumantes do país.
- L’Avenir, Chenin Blanc 2020 (Stellenbosch, W. O. Western Cape), 13,5°. Ótimo exemplar desta casta tão típica do país, muito equilibrado.
- Kumala, Pinotage 2023 (W.O. Western Cape), 14°. Vinho mais leve, agradável, casta emblemática, se assim podemos dizer.
- The Wulfetrap 2019 (W.O. Western Cape; Syrah, Mourvèdre, Viognier), 14,5°. Para a maioria o melhor vinho da noite.
- Kanonkop, Kedette Cape Blend 2020 (stellenbosch; Pinotage 43%, Merlot 33%, CAbernet Sauvignon 22%, Cabernet Franc 2%), 14°. Também muito bom.
- Fonseca, Tawny Port. Um vinho de sobremesa para encerrar a noite, e comemorar os aniversários dos confrades Ducati e Niels.