A reunião da SBAV de 30 de agosto de 2024 teve como tema “Vinhos de Torrontés”, em organização conjunta de Beatriz Weber, Leandro Rovani e Renato Petersen. Na ocasião foi distribuído o seguinte texto:

A casta branca Torrontés convida à confusão: Citando Jancis Robinson et al., Wine Grapes: “The name Torrontés is used for several distinct varieties in Spain and South America”. E mais, “a confusão reina absoluta na Península Ibérica, tanto que parece ser impossível dizer o que é plantado em qual região”: diversas variedades distintas usam o termo em suas respectivas regiões. Na América do Sul há alguma ordem, e na Argentina são reconhecidas três uvas Torrontés, de três províncias: Mendoza, Rioja, e San Juan. Análises dos respectivos perfis de DNA mostraram que todas pertencem ao grupo das uvas “Criollas”, variedades viníferas brancas e tintas trazidas para as Américas pelos espanhóis séculos atrás.

A Torrontés Mendocina é um cruzamento natural de Muscat de Alexandria e uma variedade não identificada; atualmente mais plantada em Rio Negro, ao Sul, produz vinhos de menor destaque.

A Torrontés Riojana é cruzamento de Muscat de Alexandria e Listán Prieto (Criolla Chica), originando vinhos de alto perfil aromático, floral, sendo a bem conhecida variedade plantada em Salta; produtores mais conhecidos incluem Susana Balbo, Colomé e Catena Zapata.

A Torrontés de San Juan é o mesmo cruzamento da Riojana, mas dando origem a uma (sub)variedade distinta. Produz vinhos aromáticos, mas não tanto quanto a Riojana.

Os vinhos degustados foram os seguintes:

  1. Colomé Torrontés 2024 high altitude 1700m, Valle Calchaqui, Salta, Argentina, 13,5°. Excelente realização da vinícola criada por Donald Hess; melhor vinho da noite.
  2. Alta-Yarí, Torrontés 2023, 13°, Valle de Uco, Mendoza.
  3. Suzana Balbo, Crios Torrontés 2022, 13°, o segundo melhor da noite.
  4. Etchart Privado Torrontés 2022. Um clássico, mais recentemente sendo elaborado em versão um pouco menos seca.
  5. Finca Ferrer, Acordeón Torrontés 2022, Mendoza, 13,5°.

A harmonização foi com ótimas quiches trazidas pelo Renato. Como espumante de abertura tivemos um Pedras Altas rosé nature método tradicional, belo vinho elaborado com uvas Pinot Noir do vinhedo de Manoel Araújo, em Pedras Altas