Em busca de um Syrah típico

Há um Syrah típico? é possível reconhecer um vinho de Syrah? Em busca de respostas, oito associados se reuniram em torno de cinco vinhos, em 3 de maio de 2012, em degustação organizada por Jorge Ducati. O texto introdutório foi:

A casta Syrah é tipicamente francesa. Sobre sua suposta origem asiática, os franceses chegam a dizer: « L’ignorance de certains historiographes, en mal d’exotisme, a donné à ce cépage, typiquement rhodanien, les provenances les plus diverses sur la base de quelque amusante homonymie avec… » (http://fr.wikipedia.org/wiki/Syrah). Exames de DNA comprovaram, em 1998, que a Syrah é originária do cruzamento natural de duas castas típicas da região do Ródano, a Mondeuse Blanche e a Dureza, esta última uma cepa que só existe, atualmente, em coleções.
A palavra tem origem rodaniana, a partir do radical « ser », que designa um tipo de montanha local. Sobre a ortografia Shiraz: « En 1831, l’Ecossais James Busby, souvent appelé « le père de la viticulture australienne », revint en Europe pour recueillir des boutures de vignes, principalement en France et de Espagne afin d’améliorer le vignoble australien. Une des variétés collectées était la syrah, bien que Busby ait utilisé deux orthographes fantaisistes Scyras et Ciras. ».
Nos terrenos mais naturais à casta, os vinhos são de guarda (em Cornas, Hermitage, guarda de 50 anos; na região de Adelaide (Penfold), na Austrália, idem). Alhures, vinhos frutados e fáceis de beber.
Casta para regiões quentes, como no Alentejo, em Portugal, ou nos vales chilenos (Aconcagua, Colchagua), mas nestes casos, a guarda não é uma certeza. É uma das cepas mais ricas em resveratrol, molécula com efeitos de proteção ao coração, antioxidantes e anticancerígena.
Características do vinho :
Cor : intensa.
Aroma : de frutas vermelhas e negras ; floral, de especiarias, ou mesmo de tabaco.
Gosto: pouca acidez, complexo, alcoolizado, encorpado.
Nesta degustação, são servidos cinco vinhos, de cinco países, incluindo um vinho da região de origem da casta.
Pergunta-se:
a) se é possível identificar, a partir dos descritores dados acima, o vinho do terroir de origem da casta.
b) qual os vinhos mais e menos encorpados?
c) qual o melhor vinho (notas de 1 a 5)?
Os vinhos foram:
1. Santa Ema Barrel Select 2007, Cachapoal, Chile, 14º, R$ 33,00
2. Tyrrel’s Rufus Stone Heathcote 2002, McLaren, Austrália, 14,9º, 139,00
3. Almaúnica 2010, Vale dos Vinhedos, Brasil, 13,5º, R$ 58,00
4. Domaine des Remizières 2006, Cuvée Emilie Hermitage AOC, França, 14º, R$ 252,00
5. Cortes de Cima Incógnito 2003, Alentejo, Portugal, 14,5º, R$ 194,00.
Os melhores vinhos foram o Tyrrel’s e o Hermitage, com destaque para a fineza deste último. O Cortes de Cima estava ótimo, com um certo dulçor. Mais uma vez, o Almaúnica agradou a todos, provando que a vinícola do Vale dos Vinhedos está em excelente rota.
Mesmo com os descritores fornecidos, os associados não identificaram um Syrah “típico”.