Em reunião do Grupo das Quintas-feiras em 5 de dezembro de 2002, o associado Jorge Ducati apresentou alguns vinhos trazidos de sua recente viagem às ilhas gregas. Foram apresentados os seguintes vinhos:

1. Varietal Plyto, Cantina Lyrarakis, branco 2001, Creta

2. Varietal Assyrtiko, Cantina Sigalas, branco 2001, Oia, Santorini

3. Lava, Cantina G. Koutsoyanopoulos, branco, Kamari, Santorini

4. Varietal Kotsifali, Cantina Michalakis, tinto, Creta

5. Retsina, Cantina Boutari, branco resinoso, Santorini e continente.

6. Vin Santo, Cooperativa Santo Wines, 1998, Santorini

Uvas nativas gregas

Das 250 cepas de uvas nativas da Grécia, umas 45 são usadas para a produção de vinhos comerciais. Atualmente muitas variedades quase extintas estão voltando a serem pesquisadas para a produção de vinho. Nas latitudes meridionais típicas das ilhas gregas, a colheita realiza-se no final de agosto.

As técnicas de condução dos vinhedos são bastante características. Em Santorini, e mesmo em Creta, as plantas crescem espalhadas sobre o solo, sem nenhum suporte. O caule tem seu desenvolvimento conduzido horizontalmente, em anéis superpostos, para proteger as folhas do vento sequíssimo.

Assyrtiko. Tida como a melhor variedade para vinhos brancos. Cresce predominantemente em Santorini e outras ilhas cicládicas. Com origem desconhecida, talvez originária de Santorini, ou trazida pelos fenícios ou lacedemônios após as erupções de 1640 A.C. É a única variedade branca do Mediterrâneo que ao ficar madura mantém uma acidez natural alta. Seu alto conteúdo de fenol e a tendência para oxidar a torna um desafio para os vinhateiros. Variedade extremamente resistente à seca, o que é necessário em Santorini, com sua precipitação média de 200 mm/ano. Na Cantina Sigalas, em Santorini, é produzido o Oia (nome da vila próxima), que segundo os proprietários tem aroma e sabor que lembra o Riesling.

Vin Santo. Além dos brancos secos, a Assyrtiko é usada em Santorini para o Vin Santo. Neste caso, os cachos são secos ao Sol tórrido de agosto ou setembro por dez dias, e envelhecido em barricas por anos. Estes vinhos doces são extremamente duráveis (um século ou mais), embora seu baixo teor alcoólico. O Vin Santo produzido pela Cooperativa Santo Wines é resultado da combinação da Assyrtiko com a Aidani Aspro,variedade usada na Idade Média para a produção do Malvasia. A planta é vigorosa, produzindo mosto com teores relativamente baixos de açúcares e ácidos. O corte dá ao Vin Santo aromas florais de jasmim.

Plyto. Cepa de rendimento de médio a baixo, na região de Iraklio e vizinhanças, em Creta. Esta variedade quase extinta foi revivida pela Cantina Lyrarakis em Kastelos. Aromas intensos e elegantes de maçãs verdes e basilicão, com acidez viva, são típicos dos vinhos Plyto. Os da Cantina Lyrarakis são considerados muito secos e de gosto secundário metálico.

Kotsifali. Esta variedade prefere os solos bem drenados e calcáreos de Creta. Vinhas vigorosas e produtivas, resistentes a doenças em geral, mas sensíveis à filoxera. A chegada desta praga a Creta em 1974 exterminou a maioria das plantas antigas, uma infelicidade dado que nesta cepa a idade da vinha influi bastante na qualidade do vinho. Os vinhos são alcoólicos, mas com baixa acidez e de cor instável. Pesquisas em várias cantinas têm produzido vinhos cada vez melhores.

Retsina. A Grécia tem produzido e exportado retsina por mais de 2000 anos. Os antigos gregos usavam resina de pinheiro para selar as ânforas, evitando o contato do ar com o vinho a ser embarcado. Também adicionavam resina ao vinho. Atualmente, a resina é adicionada ao mosto, de modo que a fermentação ocorre com a presença de resina. Ainda hoje, algumas tavernas de Atenas operam segundo a tradição. O mosto é transportado até as tavernas, onde as pipas são abastecidas, e o taverneiro adiciona resina antes da fermentação. Após pronto, o vinho é servido à clientela diretamente das pipas. Retsina começou a ser engarrafada nos anos 60, e hoje em dia é consumida mais por não gregos que por locais. A Retsina da cantina Boutaris, uma das maiores da Grécia, frutada e com baixo teor de resina, é feita com a uva Savatiano, ou Kountoura, a variedade mais plantada na Grécia, pois é resistente à seca e às doenças, além de ter alta produtividade. Aromas florais (flor de laranja) e de feno, baixa acidez.

Lava. Não é uma cepa, mas a marca de um vinho extremamente popular (até entre os turistas!) em Santorini. Evocações vulcânicas são pertinentes em Santorini, pois a ilha atual é a caldeira do vulcão, o que sobrou da grande erupção de 1640 A.C. Produzido na vila de Kamari, no sul da ilha, provavelmente com uvas Assyrtiko. A etiqueta reproduz um afresco local, em exposição no Museu Arqueológico.