Grupo das Segundas-feiras da SBAV/RS, degustação de 28 de agosto de 2017, informada pela associada Valéria Gutjahr.
Nesta última segunda-feira nosso aprendizado seguiu pelo Alentejo e o encontro foi aberto com um belo espumante da região (Paulo Laureano Bucelas), produzido pelo conceituado enólogo Paulo Laureano e que agradou a todos os confrades pelo frescor e perlage persistentes; elaborado com castas portuguesas Arinto e Cercial (também conhecida como “esgana cão”)!, é um dos poucos espumantes portugueses encontrados no mercado local. Agradecimento especial aos confrades Vladimir e Eduardo que gentilmente nos ofereceram essa experiência!

Contudo, o foco da reunião seguiu para os vinhos tintos da D.O e o confrade Eduardo retomou o panorama geral da região, apresentado na semana anterior pelo Vladimir, com destaque para o fato de ser uma zona de muito calor, pouca umidade e microclimas diferenciados em razão das serras existentes, como a de São Mamede (em torno de 1.000 m de altitude), o que confere aos vinhos de lá provenientes uma bela frescura! A paisagem típica do Alentejo é de planícies com videiras e oliveiras e cobre um terço do território de Portugal.
Destacou, também, que as principais cepas portuguesas da demarcação são alfrocheiro, aragonês, castelão, touriga nacional e a trincadeira, mas as francesas alicante bouschet, cabernet sauvignon e syrah também são cultivadas por lá. Um pouco sobre elas:
– Alfrocheiro: pela diminuta variabilidade genética e de introdução recente em Portugal, tem o Dão como território natural; é fértil e fecunda, produzindo vinhos ricos em cor e bom equilíbrio entre álcool, taninos e acidez; nos aromas destacam-se bagas silvestres, como amora e morango selvagem maduro.
– Alicante Bouschet: não é típica de Portugal, mas se adaptou muito bem por lá. Bastante tintureira, produz vinhos intensos em termos de estrutura; apresenta taninos firmes, muita cor e o destaque vai para os aromas, que lembram frutos silvestres, cacau, azeitona e notas vegetais. Em razão da sua “rusticidade”, vai melhor em cortes com cepas portuguesas e raramente é engarrafada sozinha.
– Aragonez: casta ibérica por excelência, mas reivindicada pelos portugueses por igualmente ser plantada e valorizada no país. Na Rioja conhecida como Tempranillo, em La Mancha como Cencibel, Ull de Lebre na Catalunha, Tinta de Toro em Toro, Tinta del País e Tinto Fino na Ribera del Duero e Tinta de Madrid nos vinhos ao redor da capital espanhola; no Dão é conhecida como Tinta Roriz e no Douro é denominada Aragonez, sendo conhecida como Abundante na região de Lisboa (Estremadura). É de amadurecimento “temprano” (antes das chuvas outonais de setembro), possui ciclo curto, tem tendência a acidez baixa e agradece a companhia de outras castas para lhe complementar. Na boca destacam-se futa farta e especiarias.
– Castelão: foi durante décadas a casta mais plantada em Portugal e no Alentejo, mas atualmente em franca regressão. Em vinhas maduras e de baixa produtividade produz vinhos estruturados, frutados, com ênfase em groselha, ameixa em calda, frutos silvestres e notas de caça.
– Touriga Nacional: casta nacional por excelência, tendo conquistado território a fora e atualmente presente na Espanha, Austrália, África do Sul e Califórnia. De película grossa ajuda a obter cores densas e profundas, com aromas primários bastante marcados; por vezes floral e por vezes frutada, por vezes citrina, mas sempre intensa e explosiva. Funciona melhor em lote do que sozinha. Conhecida no Dão e no Douro como Preto Mortágua, Mortágua, Tourigo Antigo e Tourigo.
– Trincadeira: cepa temperamental e particularmente bem adaptada às regiões mais quentes do país; especialmente vigorosa, necessita de vigília e refreio permanentes, de cuidados extremos no controle de produção. É uma variedade bem adaptada à secura do Alentejo, dando corpo aos vinhos que se tornam aromáticos e frutados, tendencialmente florais e por vezes com toques vegetais quando da maturação deficiente. Conta com elevada acidez natural e tradicionalmente é associada à Aragonez.
Por fim, foram os vinhos degustados às cegas e o confrade Tadeu destacou-se como um grande conhecedor dos vinhos da região, tendo apontado e nominado um dos vinhos apresentados (Esporão, o azul!) e referido qual dos vinhos tinha Syrah em sua assemblage! Parabéns e que siga firme e sempre aumentando seu conhecimento juntamente com todos do grupo!
Vinhos e classificação:
1° vinho apresentado: DONA MARIA AMANTIS RESERVA 2011 – Produtor Dona Maria – 14,5% – 25% Syrah, 25% Petit Verdot, 25% Cabernet Sauvignon, 25% Touriga Nacional – (R$ 198,00 – adquirido na Sommelier Vinhos); 3° COLOCADO NA PREFERÊNCIA DOS CONFRADES.
2° vinho apresentado: AVENTURA 2013 – Produtor Susana Esteban – 13,5% – 40% Aragonês, 40% Touriga Nacional, 20% castas tradicionais de Portalegre – (R$ 139,00 – adquirido na Empório do Brasil Vinhos); 4° COLOCADO NA PREFERÊNCIA DOS CONFRADES.
3° vinhos apresentado: CARTUXA DOC 2013 – Produtor Fundação Eugênio Almeida – 14,5%; Aragonez, Alicante Bouschet, Trincadeira e Cabernet Sauvignon (R$ 169,00 – adquirido na Empório do Brasil Vinhos) – 2° COLOCADO NA PREFERÊNCIA DOS CONFRADES.
4° vinho apresentado: ESPORÃO PRIVATE SELECTION 2011 – Produtor Herdade do Esporão – 14,5% – Alicante Bouschet, Aragonez e Syrah- (R$ 345,00 – adquirido na Empório do Brasil); 1° COLOCADO NA PREFERÊNCIA DOS CONFRADES.
Agradecemos a deliciosa quiche de bacalhau feita pelo Eduardo e seguimos nosso projeto português nesta próxima segunda-feira, desta vez, desbravando o Douro, com a apresentação da confrade Nilva!
Desejando um excelente final de semana e saudações enófilas, até segunda!
Valéria