Em degustação em 18 de outubro de 2012, o associado Jorge Ducati apresentou para dez confrades duas castas do norte da Itália, a Nebbiolo e a Barbera, com produtos da própria Itália, e do Brasil. A degustação foi semi às cegas, pois os vinhos foram servidos já com a informação de quais eram, mas com uma nuance. Foi distribuído o texto que segue:
As castas Nebbiolo e Barbera respondem pela maior parte da produção de vinhos tintos da região do Piemonte.
A Nebbiolo deve seu nome, segundo a tradição, à névoa (nebbia) que na época da colheita cobre a região do Langhe onde a casta teria se originado. Outra explicação atribui a denominação ao manto, como farinha branca, que cobre os grãos na maturação. Apenas 6% dos vinhedos piemonteses são de Nebbiolo, mas são desta uva os vinhos mais famosos da região, o Barolo e o Barbaresco, ambos DOCG, além do Langhe, que é DOC. A cor destes tintos é geralmente mais para o lado do rubi, isto é, menos escura. Devido à sua alta tanicidade, vinhos de Nebbiolo, na região de origem, em geral requerem muitos anos de guarda. Em outras regiões do mundo há alguns plantios, como no Uruguai, Brasil e Estados Unidos, e em geral os vinhos são diferentes dos italianos; uma possível causa são as grandes variações clonais da Nebbiolo, a ponto de muitos produtores, no Piemonte, formarem suas vinhas com vários clones, para aumentarem a complexidade de seus vinhos.
Já a Barbera é a casta mais plantada no Piemonte. Produz vinhos de mais cor, menos tânicos e com alta acidez, sendo também mais frutados, para consumo com menor guarda do que os de Nebbiolo. Plantas muito velhas produzem vinhos mais tânicos e de longa guarda. Esta casta foi muito plantada na Argentina e no Brasil, tendo posteriormente um forte declínio; no Brasil era abundante nos anos 70 (vinhos Costa Real e Bonneville), mas depois quase desapareceu, por falta de renovação dos antigos parreirais atacados por viroses.
Nesta degustação são servidos primeiros os três Nebbiolo, depois os dois Barbera, mas não na ordem da lista abaixo. Por último é servido um Chianti, para que se possa sentir, se houver, um contraste com as outras uvas. Pede-se aos presentes:
1. que dêem notas de 1 a 5;
2. que tentem identificar os dois vinhos brasileiros;
3. que opinem se as castas, na degustação, se diferenciam.
Os vinhos servidos foram os seguintes, já com as notas:
Cascina del Monastero, Nebbiolo Langhe DOC 2006, 14º, R$ 79,00, nota 3,95;
Lidio Carraro, Singular Nebbiolo (Encruzilhada do Sul, Brasil), 2006, 14,9º, R$ 241,00, nota 3,75;
Mascarello, Nebbiolo Langhe DOC 2006, 13,5º, R$ 167,00, nota 3,35;
Cascina del Monastero, Barbera d’Alba DOC 2007, 14º, R$ 50,00, nota 3,75;
Barbera de Mariana (Mariana Pimentel, Brasil), 2006, 12º, R$ 25,00, nota 3,45;
Tenuta La Gigliola, San Enrico Chianti DOCG (Sangiovese 85%, Canaiolo e Colorido 15%), 2009, 14º, R$ 39,00, nota 3,75.
Os vinhos brasileiros não foram reconhecidos pelos presentes, misturando-se estatísticamente aos italianos. Quanto à diferenciação entre as castas, notaram-se duas opiniões: os Barbera eram, de fato, mais ácidos; mas as variações intra-castas chegaram a ser maiores do que as variações entre-castas.