Continua sendo voz corrente que vinho brasileiro não tem potencial de guarda. Voz corrente, mas errada, fruto de simples desconhecimento. Já em muitas ocasiões pudemos degustar perfeitos vinhos brasileiros de mais de vinte anos. Na memorável noite de 11 de dezembro de 2014, tivemos mais uma prova. Tratou-se de uma Mathusalem, garrafa de seis (6) litros, do Aurora Millésime Cabernet Sauvignon 1991. Total raridade, trazida para a reunião de fim de ano do grupo das quintas feiras da SBAV/RS pelo confrade Mário Bercht. Na abertura, rolha em perfeitas condições. Cor perfeita, sem nenhuma turbidez. No nariz, aromas secundários e terciários agradáveis. Na boca, sensações de veludo e de taninos macios, ainda com a percepção do Cabernet Sauvignon. Equilíbrio de uma idade madura resultante de uma evolução sadia. Ao longo da noite foi ficando cada vez melhor. Foi um raro privilégio para os vinte convivas, que fizeram fila para deixar-se fotografar com, talvez, a última destas garrafas.